Autor : Edison Giovani de Faria Loredo

Neste artigo analisaremos, passo a passo, os tópicos principais para manutenção dos motores Williams-Rolls FJ44. Confiram as dicas de como manter a confiabilidade e diminuir os custos de manutenção dos motores Williams-Rolls FJ44 operados em aeronaves Cessna CitationJet e Raytheon Premier :

1. Manter os programas de manutenção de acordo com as instruções dos manuais de manutenção atualizados do motor e do modelo da aeronave em que o mesmo está instalado. O programa de manutenção é dividido nas seguintes inspeções :

- 150 horas (cheque 1),
- 300 horas ou 24 meses (cheque 2),
- 1500 horas ou 1750 ciclos (1750 horas* ou 1750 ciclos)(cheque 3),
- 3000 horas ou 3000 ciclos (3500 horas* ou 3000 ciclos)(cheque 4) e,
- Cheque 5 que é efetuado 1500/1750 horas* ou 1750 ciclos após o cheque 4.

Nas inspeções de 150 horas são verificados os seguintes itens : caixa de engrenagens quanto à ocorrência de vazamentos de óleo, análise espectrométrica do óleo, troca do filtro de óleo, verificação dos ignitores quanto à desgaste e operação, inspeção do bico injetor de partida quanto ao funcionamento correto do "spray" e limpeza, substituição do filtro de alimentação do FCU, inspeção dos detectores de limalhas.
Nas inspeções de 300 horas ou 24 meses são verificados itens tais como : a válvula de controle de sangria de ar que atua durante a aceleração do motor, a "switch" de aviso de diferencial de pressão do filtro de combustível. O "fan" deve ser analisado quanto a danos nas "blades" e distúrbios no "spinner" causados por ingestão ou erosão, também é feita a troca de óleo. Estes itens podem sofrer alterações quanto à periodicidade de manutenção a critério do fabricante do motor.

2. Cumprir as diretrizes de aeronavegabilidade emitidas pelas Autoridades Aeronáuticas.

3. Cumprir as inspeções de análises espectrométricas de óleo (S.O.A.P). Efetuar verificações quanto ao consumo de óleo do motor analisando se o mesmo está dentro do limite especificado pelo manual de manutenção do motor. O consumo não deve exceder 0,023 USGAL por hora.

4. Aplicar os boletins mandatórios e analisar os boletins recomendados quanto à necessidade de aplicação.

5. Efetuar as inspeções de pré-vôo, verificando se a entrada do motor está livre da presença de objetos que possam ser aspirados. Verificar se o "fan" gira com facilidade, se não está atritando com o "shroud" que envolve o mesmo, se não existem danos nas "blades". Analisar a admissão e o duto de escapamento quanto à presença de vazamentos de óleo, checar o nível de óleo e adicionar conforme requerido, observando a marca do óleo a ser usada evitando misturas entre marcas. Visualmente inspecione o indicador de diferencial de pressão do filtro de óleo e verifique se o mesmo está na posição normal de operação (alojado). Efetuar inspeções de pós-vôo, verificando se existem vazamentos de combustível e óleo.

6. Atualizar as cadernetas quanto ao registro do número de horas e ciclos durante o giro no solo, lembrando que o programa de manutenção dos motores FJ44 é baseado em horas e ciclos de operação. Os ciclos são divididos em completos ou parciais. Os ciclos completos se dão toda vez que se dá partida do motor até a marcha lenta e a manete de controle seja acionada para posição de potência de decolagem e retorne para corte do motor. Os ciclos parciais acontecem dentro das seguintes situações : a aeronave executa um toque e arremetida, um pouso sem corte de motor, uma aceleração do motor de marcha lenta a potências de decolagem e nestas situações devem ser apontados 0.50 ciclos. Movimentos da manete de potência associados à aproximação da aeronave para pouso não são contados como ciclos.

7. Operar os motores seguindo rigorosamente as tabelas que determinam os limites de operação para ITT, N2, N1, OIL PRESS, OIL TEMP durante operações de solo, decolagem e vôo. Isto é fundamental para se evitar danos às partes rotativas e na seção quente do motor. Sempre que for possível, evitar acelerações e desacelerações muito bruscas e, durante a manutenção do motor, fazer testes simultâneos quando houver a necessidade de potência, minimizando as acelerações (lembrando que estas contam como ciclos). Efetuar periodicamente verificações quanto à confiabilidade dos sistemas de indicações dos motores, ajustando os mesmos quando houver suspeita de aferição incorreta. Todas as operações que excederem os limites citados nas tabelas de referência deverão ser anotadas na caderneta do motor com informações sobre tempo e valor que foi verificado nos instrumentos de indicações possibilitando, assim, análises futuras em pesquisas de panes.

8. Efetuar análises de vibrações periódicas e, se for o caso, efetuar balanceamento do motor para que o mesmo opere dentro dos limites de vibração mencionados no manual de manutenção.

9. Efetuar limpeza dos compressores prevenindo o início de corrosão e erosões causadas pelo acúmulo de poeira, sal e poluições. O manual de manutenção dos motores Williams-Rolls FJ44 classifica a limpeza dos motores em dois métodos : a dessalinização e a limpeza do compressor.

9.1. Dessalinização : deve ser feita com uso de água fresca e serve para remover sal ou outras substâncias corrosivas do interior do motor. Um vôo sobre atmosfera marinha ou pouso em aeroportos próximos a oceanos podem iniciar corrosões em partes metálicas do motor como porcas, parafusos, etc. Sempre que possível, lave os motores após operações efetuadas nestas condições. Assim que efetuar lavagem dos compressores é necessário um "blowout" seguido de um giro pra que o motor expulse a água de seu interior evitando a corrosão galvânica. A operação sobre atmosfera marinha se dá toda vez que a aeronave opere sobre água salgada ou oceano por 5 milhas (8 quilômetros). Se a aeronave operar em atmosfera marinha abaixo de 4000 pés por mais de 30 minutos deve ser feita a dessalinização após o ultimo vôo do dia. Se a aeronave operar em atmosferas poluídas por poeira ou poluição industrial também se recomenda a dessalinização.

9.2. Limpeza do compressor : será feita com solução contendo agentes de limpeza especificados pelo manual de manutenção do motor, provocando a recuperação de performance quando da perda de potência que está ligada ao acúmulo de sujeiras nos compressores do motor.

10. Toda vez que o motor ficar inativo, por um motivo que impeça o mesmo de entrar em operação, este deve ser preservado a fim de se evitar corrosões em seus componentes sensíveis como : rolamentos de FCU, bombas de combustível e outros. Os procedimentos de preservação devem seguir os critérios do manual de manutenção do motor e da aeronave.

11. É aconselhado, como histórico para pesquisas, o preenchimento da tabela de acompanhamento de performance de subida e cruzeiro (veja a Tabela 1), tornando mais eficiente o acompanhamento das potências desenvolvidas durante o vôo.


* As diferenças do controle com relação às horas depende do número de série do motor e número de parte do conjunto do rotor de turbina instalado.









Tabela 1